segunda-feira, 18 de julho de 2011

Por não estarem destraídos

Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que por admiração se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles. Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria e peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes se tocavam, e ao toque – a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras – e ao toque brilhava o brilho da água de les, a boca ficando um pouco mais seca de admiração. Como eles admiravam estarem juntos!



Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos.

Por: Clarice Lispector.

Sinceramente, esse é um dos textos mais belos da Clarice, é encantador como ela consegue descrever o início de um relacionamento e com o seu passar do tempo a rotina, as cobranças, começam a destruir aquilo que o casal havia construído juntos. E ela afirma que é mais que necessário que estejamos DESTRAÍDOS para que as coisas realmente aconteçam em nossas vidas.

Prisão interna

Sabe quando você se sente presa dentro de você mesma?

É como se fosse algo que você não consegue tirar de você, parece que essa sensação vai ficar permanente dentro do seu peito...

Dá vontade de gritar, correr e abraçar uma pessoa que você nunca falou na vida...

Dá vontade de conhecer pessoas novas...

De sair da rotina...

Viajar pra um local do qual você gostaria muito de conhecer...

Dá vontade de fazer aquilo do qual você nunca teria coragem de fazer se você estivesse em seu estado normal...

Mas mesmo com todas essas explosões de sentimentos é como se você continuasse presa, sinto como se meu peito fosse uma cela de prisão. Vontade de fazer milhões de coisas ao mesmo tempo, mas ainda sim não consigo. É mais ou menos como se eu fosse o polo positivo de um imã e um outro imã com seu polo negativo estivesse me atraindo para perto dele. E é claro que eu não tenho forças suficiente para me desviar dessa ‘’ força eletromagnética’’, porque talvez ela é mais forte que eu, ou então é tão atraente que eu não consigo me livrar dela.

Mas pra falar a verdade essa ‘’prisão’’ parece mesmo uma agonia dentro de mim, algo que eu nunca senti antes e talvez nunca mais irei senti, torço para que esse último citado se torne verdade.
O dia passou rápido, talvez seja porque hoje realmente não fiz absolutamente nada... Mas o AMANHÃ será melhor, e eu estarei saindo dessa prisão que no momento me aflinge internamente.